MEU AMOR ETERNO
Pai, ainda me lembro ,
você acordado...
Com o violão a cantar,
a me embalar com cantigas de ninar.
Quanta maestria em teus acordes ,
Em teu exímio dedilhar,
Quanta alegria em teu olhar!
Nas cordas de aço
colocavas o teu coração...
de manteiga
No teu canto,
a tua voz doce e meiga!
E tocavas aquelas canções tão lindas...
Branca, Abismo de Rosas...Cabocla Tereza
Canções que hoje ouço com profunda tristeza!
Nas batidas compassadas do teu violão,
colocavas o ritmo do teu viver!
Um viver sofrido, duro, árduo... !
A terra era por ti lavrada,
levada
com a enxada,
E lavada com o teu suor!
Com uma ferramenta especial --
o teu coração--
semeavas ,
cultivavas o feijão,
O arroz, o milho,
o café,
E, com grande esperança e fé,
Aguardavas o seu germinar!
Se assim Deus o permitisse...
Se a seca não roubasse o teu sono
Se a geada não torrasse teus sonhos,
Se a chuva não levasse a tua esperança
Teríamos colheita farta...
Teríamos comida em abundância!
Ao chegar em casa,
Esquecias o teu cansaço,
E brincavas conosco feito palhaço...
Feito uma criança,
Narrando-nos tuas histórias tão belas--
A Comadre Onça e o Compadre Macaco,
A Festa no Céu, Cinderela,
E tantas outras mais
Que não posso esquecer jamais!
Hoje Pai, não ouço mais o teu cantar
Não ouço mais o teu violão...
Não ouço mais as tuas histórias,
Não vejo mais o brilho em teu olhar...
O mal atroz levou-nos de nós!
Benvinda Palma