MEU AMOR ETERNO
 

Pai, ainda me lembro ,

você acordado...

Com o violão a cantar,

a me embalar com cantigas de ninar.

Quanta maestria em teus acordes ,

Em teu exímio dedilhar,

Quanta alegria em teu olhar!

Nas cordas de aço

colocavas o teu coração...  

de manteiga

No teu canto,

a tua  voz doce e meiga!

E tocavas aquelas canções tão lindas...

Branca, Abismo de Rosas...Cabocla Tereza

Canções que hoje ouço com profunda tristeza!

Nas batidas compassadas do teu violão,

 colocavas o ritmo do teu viver!

Um viver sofrido, duro, árduo... !

A terra era por ti lavrada,

levada

com a enxada,

E lavada com o teu suor!

Com uma ferramenta especial --

o teu coração--

semeavas ,

cultivavas o feijão,

O arroz, o milho,

 o café,

E, com grande esperança  e fé,

Aguardavas o seu germinar!

Se assim Deus o permitisse...

Se a seca não roubasse o teu sono

Se a geada não torrasse teus sonhos,

Se a chuva não levasse a tua esperança

Teríamos colheita farta...

Teríamos comida em abundância!

Ao chegar em casa,

Esquecias o teu cansaço,

E brincavas conosco feito palhaço...

Feito uma criança,

Narrando-nos tuas histórias tão belas--

A Comadre Onça e o Compadre Macaco,

A Festa no Céu, Cinderela,

E tantas outras mais

Que não posso esquecer jamais!

Hoje Pai, não ouço mais o teu cantar

Não ouço mais o teu violão...

Não ouço mais as tuas histórias,

Não vejo mais o brilho em teu olhar...

O mal atroz levou-nos de nós!

 

 

                                    Benvinda Palma

 

Bemtevi
Enviado por Bemtevi em 28/02/2008
Código do texto: T879296
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