DISTÂNCIA

É noite. A chuva cai em abundância,

Em seu incessante tamborilar,

Enquanto aqui estou a meditar

No sofrer que me impõe essa distância.

E, tendo a solidão em teu lugar,

Chego a sentir tua sutil fragrância,

Qual foras a flor que, com elegância,

Vem, o jardim da minha vida, adornar.

Tu sabes que, inda que aqui não estejas,

Teu brilho, a minha estrada ilumina,

Estrela que o meu coração fascina,

Em todos os poemas que versejas.

Musa que meus versos me ensina,

Posto que, todos eles, és tu que ensejas,

Quando, apaixonada, me desejas,

No êxtase do amor que nos domina.

Essa paixão é a razão dos meus dias,

Meu peito anseia por estar contigo,

Para sentir-se de novo ao abrigo

D¿outras noites solitárias e frias.

A distância é o grande inimigo,

A tornar-me as horas longas e vazias,

Sem a paz que só mesmo tu poderias

Trazer-me, livrando-me deste castigo.

É o mesmo castigo que me toma

Na impossibilidade de tê-lo

Por perto, para que possa vê-lo

Quando a paixão em mim assoma...

Se pudesse agora estar contigo

Iria terminar esse tormento

Que é a causa desse sofrimento

Por, de teus braços, não ter o abrigo.

Conquanto, da dor a abssonância

Que nos faz dela prisioneiros

O meu pensamento voa, ligeiro,

P'ra que possa encurtar essa distância!

(Milla Pereira)

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 26/02/2008
Reeditado em 26/02/2008
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