PARA NÃO ACORDAR A DOR.
Ando com cuidado
Como se vidros pisasse
Olho de lado, atenta ao menor som
Respiro baixinho
Já tirei até os sapatos
A saia, seguro com as mãos.
Pois o tecido pode farfalhar
Os gemidos, prendi-os na garganta.
As lágrimas regam minha alma
Assim ninguém as vê
A dor disfarço com risos.
A desfaçatez é agora a minha arma
Contra quem do meu amor descuidou
Ontem me expus inteira
Doei-me sem reservas ao tal amor
Hoje não ouso acordar
A dor que ainda estou a embalar
Espero que não me vejas
Não estou segura se resistirei
Ao apelo do seu olhar.