ASSOMBRO

É com tal assombro

que te toco o ombro,

a espádua branca e bela.

É com tal interesse

quanto mais me apresse

frente à tua janela.

É com tal lentidão

que te osculo a mão,

o braço e os dedos.

É com tal tristeza

que te cobro a esperteza,

com dedicação te concedo.

É com tal alvoroço

que te retiro do poço

ou de quaisquer assombros.

É com tal artifício

que te ofereço o prestígio,

no espaldar do meu ombro.

É com tal descaso

que te fabrico o vaso,

com que plantas a flor.

É com tal retidão

que te prometo no coração,

a grandeza do meu amor.

1.999