PORQUE (versão 2008)
Os pontos de interrogação me escapam
Entre os dedos
Porque na vida há sempre um ir e voltar
Nesse dedilhar de dúvidas
Que é a premência
E a necessidade
De alguém amar
Porque
Bebesse a saudade
Como se gurgita
Um copo de vinho
Cujo prazer nunca existe
Como a dúvida
Se alguma vez
Ficarei contigo
Porque
Nesse adiado Dia dos Reis
Em que era suposto
Seres a Rainha
A minha alma declinou a oferta
Não acreditou nessa honraria
Porque
A noite nunca se esvai
No meu planeta de mil estrelas
Na qual eras a constelação principal
De todas a mais bela
Porque
Nem ao Invisível
Presto certas contas
Do que fiz
Pois há equações
Eternamente erradas
Há matemáticas existenciais assim
Porque
Um beijo
Um carinho
Um gemido de amor
Pode ser por vezes
Uma manifestação da mais pura solidão
Mesmo que o tenhas de volta
Ele nada é, senão ocupar uma centelha da tua imensidão
Porque…