A PÉTALA E O SEU PEDAÇO
Era uma vez um pedaço de alguém, que trilhava incerta sina
Nos ombros fragilizados, um imensurável fardo
Vida que nascia todo dia, do infortúnio que lhe ensina
Andanças dolorosas pelas pontas de um ladrilho afiado!
Era uma vez uma pétala que se perdeu do jardim
Indefesa por sua leveza, era refém das ventanias
Queria fincar os pés, mas suas viagens involuntárias não tinham fim
Buscava segurança e firmeza, sonhava com alguma alegria!
Um dia o vento insensível arrastou a pétala uma vez mais
E nos ombros exaustos do pedaço de alguém, ela pousou
Repentina troca de olhares, mútua explosão de sensível paz
O destino indiferente redimiu-se e por ambos se enamorou!
Hoje o que era um pedaço se tornou um pleno alguém
Nos jardins de seu coração achou abrigo a meiga pétala
Um adeus à solidão, pois ela é dele e ele a tem
Um amor que juntou vidas perdidas, lhes tornou uma única célula!