RIMANCETE


Longe de ti - saudade,
Ouvir tua voz - desejo,
Perto de ti - vontade
Ao por do sol - que vejo?
Um fel - um absinto
Pois logo a distância,
Tornar-se-á em ânsia
É tudo o que sinto...

Te observar - segredo,
Ao te escrever, um dar-me
Que, eu a ti concedo,
A cada flor em carme...
Que rebenta em soneto,
E forma madrigais,
E tantas coisas mais,
Até um esboceto...

A tua imagem pulsa -
Bate em compasso ao peito -,
Na minha idéia avulsa
Faz doce teu efeito...
Como teu beijo busco -
Um sonho - e meu prazer
Mas vejo desfazer
Qual sopro - como um fusco...

Em tantas fantasias,
Em sonhos de sobejos,
Já foram tantas vias,
E vimo e arpejos...
Que penso num instante,
Ah minha doce Vênus,
Se desse pelo menos
Não estar tão distante...


19/02/08

Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 19/02/2008
Reeditado em 19/02/2008
Código do texto: T866912
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