PRIMEIRO AMOR

Monte do Trigo a viu nascer,

e para Évora foi morar,

aí a vim a conhecer

e com ela namorar.

Estávamos no carnaval,

e no Bocage dançando,

ela estava divinal

e meu coração cobiçando.

Saia branca envergava,

parecia um anjo do céu,

meu coração palpitava

para lhe poder ergueu o véu.

Mascarados nós estávamos,

mas era fácil reconhecer

e então quando dançavamos

nos olhos nos podiamos ver.

Foi grande a emoção,

ela logo me reconheceu,

bateu então meu coração

e amor ali nasceu.

Às tantas da madrugada,

foi quando o baile acabou

e pela mão da mãe amada

para casa regressou.

Com a sua permissão,

eu lhes fiz de companhia

ia a mãe e o irmão

suas primas e uma tia.

No Bairro da Câmara ficaram,

Largo Nossa Senhora da Conceição,

nossos olhares se trocaram

demos um aperto de mão.

Para casa então segui,

levando-a no pensamento,

nessa noite pouco dormi

foi grande o meu tormento.

Ensonado me levantei,

e para o trabalho segui,

ela eu não encontrei

mas carta de amor escrevi.

Nela meu amor declarava,

e namoro eu lhe pedia

era a minha deusa encantada,

e românticamente o fazia.

Nessa noite a entreguei,

trémulo e ansioso,

e pela resposta aguardei

ficando muito nervoso.

Coisas da mocidade,

da juventude irreverente,

com 15 anos de idade

e amor que já se sente.

Foi assim que começou,

esse meu primeiro amor,

sua mãe abençou

com carinho e com calor.

Mas como tudo na vida

tem os seus dias contados

e com a minha saída

deixámos de ser namorados.

Para Macau eu segui

ela por lá ficou,

seu coração eu já não vi,

e outro amor, ela, começou.

Quarenta e quatro anos se passaram,

saudades as tenho comigo,

pois raízes cá ficaram

e sonho sempre contigo.

Fostes e sempre serás o meu primeiro amor,

outros na vida encontrei

cheios de afecto e calor

mas esse recordarei.

Antes era a mocidade

agora a experiência da vida,

estamos na terceira idade

recordando vida vivida.

ALENTEJANO ORIENTAL
Enviado por ALENTEJANO ORIENTAL em 19/02/2008
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