O PROTESTO DO MESTRE - I

Esse poema é a primeira de uma sequência de três partes, onde toda uma história, não estória, é revelada entre linhas, por metáforas, como numa parábola"

O PROTESTO DO MESTRE - I

Teima a caneta sobre as linhas,

vacila, ansiosa, entre as rimas,

Que tentam explodir no ar.

Mas essa lava contida

Ferve abundante, e agoniza

Na solidão, a pulsar!

Teima o ser em continuar sonhando,

Acreditando que é amado e que ama,

Com o mesmo calor do passado.

Mas o mestre, esse coração ferido,

já não dita mais as rimas e, amargo,

Emudece em sua própria dor!

Esta, então, se fez amiga

E, piedosa, age mansa,

Como tentando poupar...

Mas o bom mestre, coitado,

Sofre em silêncio, arrasado,

Se recusando a " mestrar"...

Talvez, se calando, o bom mestre,

Tente protestar; mas padece,

Na profunda solidão de seu ser.

Tranca, em si mesmo, as relíquias.

Que sejam tão frias as rimas,

Que nem valham a pena se ler!

Rúbia Bourguignon