TRIBUTO À DEUSA SEM PALAVRAS
Um dia o Olimpo ficou pequeno demais para os teus encantos;
Então o mar tornou-se gota perante o teu seduzir;
E desceste ao reino dos homens numa nuvem movida por cânticos;
Cujas liras perfeitas entoam a paixão que ainda posso ouvir!
Nem te viram meus olhos de perto, teu perfume sequer me visitou;
Mas o tato abstrato que me faz te sentir, me afirma que és real;
Pois emprestaste aroma às flores e tua face no campo se consolidou;
Pra que nos pratos de minha volúpia te fizesses meu sal!
É por isso que nada posso em sã consciência te pedir;
Foi por isso que te dei o direito de nada falar;
Que palavras tão elevadas nesse mundo poderiam existir?
A ponto de tão magníficos lábios, serem dignos do seu pronunciar?
Como súdito feliz, te estendo os tapetes vermelhos dessa paixão;
Que nas cinzas pereçam as lembranças de tua lágrima sofrida;
Eu sou menor que tantos, porém sublime é a oferta do meu coração;
Que teu reino batize com teu beijo, essa minha - agora tua - vida!