QUANDO ME ENTREGO

Quando me entrego a voce, sinto-me extasiado

Como uma folha verde a vagar pelo universo

Como o mergulho dentre nuvens de um sonho alado

Como o poema que não cabe num único verso!

Tal como um biltre que se adorna de virtudes

Como a jusante que retorna feliz aos braços do alto mar

Como a inesperada chuva que na estiagem enche os açudes

Sinto-me pleno quando a voce decido me entregar!

Mais primaveril que a própria estação das flores

Eu absorvo os ares molhados que hidratam meus pulmões

Nessa entrega, onde o calor de seus braços dissipa gélidos dissabores

Sou o espetáculo mais feliz das quatro estações!

Sou o bom presságio acasalado à ventura

A chave que me liberta das grades que me impus

Quando doado aos seus beijos, sou a fome cercada de fartura

Tornando isótopos nossos átomos, mutuamente fazendo-se jus!

Eu passo a ser completo à proporção em que me reparto

E me torno o ínfimo iníquo que todas as redenções passa a receber

Graças ao genuíno nascer que se dá nesse autêntico parto

Eu sou o mais feliz dos renascidos quando me entrego a você!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 10/02/2008
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T853571
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