Borbulhas de Amor

Lá no porão de mim mesmo

No meu baú de jacarandá...

Por onde joguei tudo a esmo

Guardo até cantos de ciranda

Escondo ali mil segredos...

Que rebobino todas as noites

Sem esboçar qualquer medo.

Há ali todo tipo de azar e sorte

Na memória descrevo com zelo

Quando contemplo a lua cheia

Arrepio todos os meus pelos

Uivando como lobo as fantasias

Repasso passo a passo os elos

O traçado de minha história

Rememoro as alegrias... As dores

Bem próximas do meu passado

Como fiel escudeiro... Protejo

Todas as lembranças... Os beijos

Por vezes fico meio aloprado

Invariavelmente solto o sorriso

Ao recordar alguma trapalhada

E como é bom sorrir feito criança

Ao perdoar as próprias lambanças

E quando a noite está enluarada

Volta e meia corre uma lágrima

Contida... Estampada... Arregaçada

Passeio que a pele recebe e esgrima

Correndo com a lentidão acelerada

Assim os sentimentos se locupletam

São as saudades de uma idade tão feliz

E é nessa hora que ouço as trombetas...

Os acordes de um violino vibrando

Como a me chamar para a dança

Então... Tudo se faz festa... Alma cresce

A tristeza dá adeus... Vai logo embora

Começo a borbulhar um imenso amor

Minha alma solene começa a versejar

Meu coração fica no maior calor

Tudo vibra... Pula...Canta...Grita...Ecoa

Solto as amarras e vou para a proa

Velejar meus sonhos... Respirar contente

Estampa-se o baú e escrevo o meu poema

E assim vou viver até morrer silente

Sem nunca querer perder a chama

De minha breve e poética existência

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 09/02/2008
Reeditado em 28/06/2012
Código do texto: T852718