Borbulhas de Amor
Lá no porão de mim mesmo
No meu baú de jacarandá...
Por onde joguei tudo a esmo
Guardo até cantos de ciranda
Escondo ali mil segredos...
Que rebobino todas as noites
Sem esboçar qualquer medo.
Há ali todo tipo de azar e sorte
Na memória descrevo com zelo
Quando contemplo a lua cheia
Arrepio todos os meus pelos
Uivando como lobo as fantasias
Repasso passo a passo os elos
O traçado de minha história
Rememoro as alegrias... As dores
Bem próximas do meu passado
Como fiel escudeiro... Protejo
Todas as lembranças... Os beijos
Por vezes fico meio aloprado
Invariavelmente solto o sorriso
Ao recordar alguma trapalhada
E como é bom sorrir feito criança
Ao perdoar as próprias lambanças
E quando a noite está enluarada
Volta e meia corre uma lágrima
Contida... Estampada... Arregaçada
Passeio que a pele recebe e esgrima
Correndo com a lentidão acelerada
Assim os sentimentos se locupletam
São as saudades de uma idade tão feliz
E é nessa hora que ouço as trombetas...
Os acordes de um violino vibrando
Como a me chamar para a dança
Então... Tudo se faz festa... Alma cresce
A tristeza dá adeus... Vai logo embora
Começo a borbulhar um imenso amor
Minha alma solene começa a versejar
Meu coração fica no maior calor
Tudo vibra... Pula...Canta...Grita...Ecoa
Solto as amarras e vou para a proa
Velejar meus sonhos... Respirar contente
Estampa-se o baú e escrevo o meu poema
E assim vou viver até morrer silente
Sem nunca querer perder a chama
De minha breve e poética existência
Hildebrando Menezes