Desbússola

Meu amor

Você não jura a essa altura do campeonato

Você me prende e só me solta por desacato

Meu amor

Você me cura dessa fúria que está no meu peito

Você se lembra dos meus deveres, às vezes, quero os (seus) direitos

Meu amor

Você é pura, fura a linha dura e me desorienta

Quero descer ao poço do seu pescoço e me banhar na sua água benta

Meu amor

Você me faz rir no dia do meu enterro

E me faz crer que ser errante é viver o erro

Sempre você me finta, toda a quinta

Me dá um baile, me faz ainda,

Ter que ler em braile a sua vinda

Eu sinto a sua cinta a sua liga,

A sua placa dizendo siga

A sua fadiga: minha quase mortal inimiga

Você me fere, não me fira

Não quero estar na mira da sua mentira

Você abusa e me usa

Insiste e me acusa da sua culpa confusa

Você me fala e crava balas

Arquiteta tantas salas em suas batalhas

Você me aquece quando adormece

E quase não merece as minhas meias preces

Eu paro, piro, meus poros pairam

E minha boca dança na tua boca

Teu beco

Tua bica

Eu fico

Sem jeito

Á jato

Um gato sem pelo

Sem pulo

Desespero

Atropelo

Atrofia

Astronauta

Sem pupila