Simplesmente um amor
O tempo ensina
Mestre supremo que ministra o curso da vida,
O tempo castiga
Carrasco das lições sinistras e mal aprendidas.
Aprendizes humildes das verdades do mestre
Que cobra-nos o saber ao facetar dos corações,
Percebemos vislumbres nas coisas mais simples da vida
Quando deparamos com o súbito, o inesperado, as emoções.
Teimando em descobrir as verdades de um puro amor
Peco ao lograr o conhecer das lições do mestre tempo,
O amor é simples e teimo ao empedestá-lo em furor
Como deus supremo do tranquilo torpor do sentimento.
Amar é amar apenas,
Deter-se involuntariamente ás lembranças,
Vislumbrar ao perceber uma beleza pura,
Falar sozinho, pensar alto, conversar com a alma,
Fitar o infinito vazio encontrando lá refugio para sentir,
Surprender-se ao admirar um botão perdido da amada,
Guardar a rosa ofertada como preciosa jóia dourada de mais alto quilate,
Descobrir um tesouro abandonado num gracioso fio dourado de cabelo,
Entorpecer-se ao perfume da camisola despretenciosamente esquecida,
Descobrir assoberbado e atônito a bela natureza de um cílio perdido,
Deliciar-se com um sabonete desavergonhadamente presenteado,
Guardar como relíquias em gaveta as frutas copiadas de seus sabores,
Embevecer-se de um lindo e maravilhoso lencinho fabricando saudades,
Mergulhar profundo com músicas aos ouvidos que repetem sem parar,
Perceber que em meu rosto faltam as suas mãos delicadas,
Em meus ombros seus braços deliciosamente aconchegantes,
Encontrar em cada canto de pássaro a sua voz,
Descobrir em cada perfume de flor o seu cheiro,
Cantar em poemas repetidamente a sua luz roubada das estrelas,
Chorar lágrimas de satisfação pela delícia de seus olhos me olhando,
Errar caminhos pensando em ti,
Tropeçar calçadas me imanginando em ti,
Topar doloridamente o dedão na distração em ti,
O amor é doído.
Então perceber que o amor vive num lencinho, num perfume,
Simples, não?
Simples sim, depois da amada ensinar-me suas lições de amor.
O tempo cuidará de me cobrar a lição sabatinando-me sobre a vida.