O ROUXINOL

O ROUXINOL

O canto enternecedor daquele rouxinol,

Que lá da montanha ouvia-se o chilrear,

Soprava a brisa sob o manto do arrebol,

Numa casinha... um morador a escutar.

Na relva silenciosa fazia sua pousada,

Em noites lépidas, passava a cantar;

Seu canto álacre, chamando a amada,

Para a Natureza, com ela homenagear.

As flores embevecidas com seu canto,

Exalavam aromais ao pássaro ermitão,

Prazeroso era ouví-lo... que encanto!

Bendita ave! Dos céus é a sua criação!

Hoje, toda serrania veste-se em pranto.

Sua majestade, a filomela emudeceu,

Seu silêncio foi a sua voz em pranto,

Fêz chorar até quem não a conheceu.

Sentido com a morte do passeriforme,

O morador da casinha ali não quis ficar;

Uma sombria e ansiada vida deforme,

Faria a saudade daquele alado chegar.

Narrada sob à sombra de uma albina,

Que afirmam verdadeira para se contar,

Até fincaram no píncaro daquela colina

Uma cruz, para sempre a ave lembrar.

Rivadávia Leite

Rivadávia Leite
Enviado por Rivadávia Leite em 08/02/2008
Código do texto: T850774