Quero-te para mim

Quero a minha verdade exposta e explícita

Desnudar-me dos falsos e inúteis desejos,

Revelar das entranhas os puros sentimentos

Arrancando o coração com as próprias mãos.

Quero abrir meu peito e escancarar minha alma

E manifestar-me das profundezas do meu abismo,

Gritar com a voz extorquida do poço sem fim

Num audacioso ímpeto de selvageria humana.

Ter nas mãos as víceras do espírito extraídas

Como num explosivo furor arrebatado raivosamente,

Impulsivamente violentar-me o pensamento

Puxando animalescamente a minha carne essência.

E com a natureza à mostra

Com a mais pura substância desprovida e desprotegida,

O âmago ardendo como fogo que queima

Deixando a existência revestir-se de sentindo, dizer-te:

Amo-te com todas as forças do meu ser. Quero-te para mim.