Poema 0528 - Amante
Faz-me renascer, faz-me qualquer coisa,
preciso ser preso a alguma paixão sua,
deixo minha calma, viro selvagem,
libero das reservas que um dia acreditei,
para tomá-la como um maluco,
até atravessar sua vida com meu tesão.
Espera-me sentada à beira da cama,
deixa que os lençóis amassem,
sou o alucinado que vai jogar tudo pro alto,
liberar suas loucuras até que grite,
como se a felicidade precisasse ouvi-la
ou até que cometa alguns poucos pecados.
Deita aqui bem perto do meu peito,
ficarei à espreita da sua nudez,
quero ser um desconhecido entrando...
depois quero ser íntimo do seu inferno,
levá-la ao céu, não um que já conheça,
gosto das surpresas que lhe emudecem...
Chegarei mais à noite, abrirei a porta devagar,
inundarei sua boca de vinho, de paixão,
mostrarei uns poucos jeitos como se faz amor,
quero que peça, sem medo, sem vergonha,
deixa que não a reconheça,
mostre seus avessos da amante incontida.
Vamos fazer de conta que somos crianças,
brincar de menino e menina,
serei ora bandido, ora amante,
tenho necessidade de confundi-la aos poucos,
não a quero em paz,
preciso ser o capeta deste seu inferno bendito.
Caminho de volta para a porta... depois... bem depois
deixo a amante, deixo seu nu molhado de mim,
que um dia voltarei, deixo-lhe também a certeza,
espalhadas como juras que marquei em seu corpo,
o riso de felicidade que ficou no meio da boca,
junto do "te amo" que confessei no seu ouvido.
12/12/2005