O INCÊNDIO
Ar de hortelã que foge do interior de teus lábios
Que devassa a negra lã de teus cabelos
Que me é servido em bandejas, na forma de caldas e favos
Que por anos me saciaria, até mesmo dos seus sobejos!
É o mesmo que circula imponente pelas artérias de meu amor
Que na aurora diária marca encontro com minhas labaredas
Estas a lhe aguardarem com ramalhetes aromatizados de fervor
Aquele, sem nenhum pudor, disposto a envolvê-las em suas sedas!
Juntos passeiam pelos vértices surreais da realidade
Visitam todos os cômodos de nossos sonhos compartilhados
Projetam as muralhas de seu ardor no gelo da saudade
E se tornam um só elemento, quando coabitam entrelaçados!
Sem o ar de meus dias, pó e cinzas eu seria
Por isso me vejo inverno, sem meu meigo sol a me coadjuvar
Sem o ar de teu amor, tal incêndio inexistiria
Bem aventurados são nossos corações, que se acham a queimar!