O INCÊNDIO

Ar de hortelã que foge do interior de teus lábios

Que devassa a negra lã de teus cabelos

Que me é servido em bandejas, na forma de caldas e favos

Que por anos me saciaria, até mesmo dos seus sobejos!

É o mesmo que circula imponente pelas artérias de meu amor

Que na aurora diária marca encontro com minhas labaredas

Estas a lhe aguardarem com ramalhetes aromatizados de fervor

Aquele, sem nenhum pudor, disposto a envolvê-las em suas sedas!

Juntos passeiam pelos vértices surreais da realidade

Visitam todos os cômodos de nossos sonhos compartilhados

Projetam as muralhas de seu ardor no gelo da saudade

E se tornam um só elemento, quando coabitam entrelaçados!

Sem o ar de meus dias, pó e cinzas eu seria

Por isso me vejo inverno, sem meu meigo sol a me coadjuvar

Sem o ar de teu amor, tal incêndio inexistiria

Bem aventurados são nossos corações, que se acham a queimar!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 03/02/2008
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T844895
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