CAELUM

Transcendeste em todo tempo de estadia ao meu redor

Foste a dentro, a fundo, e emergiste da minha alma

Como luz, sem tempo e espaço, sem compromisso e pudor...

Mergulhaste em mim em investida quase infantil

Assim vejo tua defesa ante minha vontade selvagem

As franjas que me possibilitaram em sua tez plantar sopros

E, dentro da flor, colher libidinosa tempestade.

Ao mesmo passo, és abóbada azul e astro de luz maior

Reinante em si ou em qualquer lugar de que se aposse...

Poderosa, a ti tento por mil vezes opor o meu amor.

Mas, curioso, que oposição é a conveniência e a afinidade?

– o que te faz defender-se é o que te traz felicidade –

Ser das contradições e mistura picto-oníricas

Decaída se faz minha força, minha voz; maravilhosamente...

O corpo a pedir socorro ameaçado por tentação imensa...

Deste beijos onde não sei como pudeste dar!

Ora, se sou assim todo prazer, cartase e frenesi...

Onde encontraste matéria na qual o tato pudesse agir?

Não te tento explicar nunca mais... Ou tento todo o tempo.

Importa que, somente faço senão te desejar, quando for embora.

Essência do dês-compromisso, eventualidade, juventude...

Ver-te me inspira a ter segurança de atitude, agir em nome de nós!

Verdade que sou sempre aproveitador de suas fraquezas

Céu a mim rendida como folha em coreografia eólica...

Eurritmia azul-doce, orgasmo-bem-estar, sede de bem ter

Não me vejo em felicidade senão nos teus braços...

Quando dizes meu nome carinhosamente reduzido

E fazes forma da boca como quando sopra de mim o calor

Ambos me aquecem de uma forma, a qual uns chamam Amor,

Paixão ou método associativo direto de quase meia-noite

Verdade é que a noite te fez minha, Anjo de não estranho tesão...

Fizeste me sentir livre, ainda que dominado: na palma de sua mão.