ÚNICA RAZÃO

Tua simples presença, musa minha,

Por si só já toma, inteirinha,

Minh'alma...

Chegas com a suavidade da aurora

E, linda, num sorriso leva embora

A calma

Qu'inda há pouco peculiar me era

E, num instante, manter não mais pudera -

- Não... por mais que me esforçasse,

Jamais lograria eu explicar isso, que dá-se

Em mim...

Porque não há, no mundo, outra razão

Que me deixe esfacelado o coração

Assim...

Tu és a ardente chama que incendeia

Meu peito, qual foras da paixão a candeia,

A doce fonte de prazer que me transtorna,

Com essa pele lisa, encantadora, morna,

A despertar

Em meu ser esse amor sem fim que me arrebata

Qual fosse, de emoções, uma cascata

A derramar

Sobre este pobre amante uma torrente

Que hei de ter na memória eternamente,

Porquanto amar-te, ainda que uma vez,

É conhecer, enfim, a mor paixão que se desfez

Em luz,

Como a mostrar o caminho a ser seguido,

Neste mundo cruel, sem colorido,

Que aduz

Ainda, a tantos males, o desamor,

Ceifando vidas, da idade inda na flor;

Não fora, pois, amor, tua existência

E eu, por certo, não sofreria influência

Alguma

Dessa maravilhosa força da paixão

E nem haveria de sofrer meu coração

Nenhuma

Dor que decorresse da separação,

Porque, do amor, tu és a única razão.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 03/02/2008
Código do texto: T844123
Classificação de conteúdo: seguro