MANANCIAL

Na manhã fresca

da tua boca

- e no entanto noturna

dependendo da Lua -

saboreio os frutos

familiares pássaros

azul tresloucado de hortênsias

inesperados abismos.

Tua boca

milagre evocado

das cavernas onde

criança antiga

desenhei animais

para chamar a chuva

fertiliza a terra

do meu corpo

transforma-me em trigal

para a fome de Tudo.

Zuleika dos Reis

Do livro ESPELHOS EM FUGA, Editora Objetiva, 1989.