TARDE DE CHUVA

Cai uma chuva mansa... e macia...

Parece cantar um doce Acalanto...

Olho minha cama: está vazia.

E sem que eu queira, corre o pranto.

Uma saudade me consome a alma

E tua imagem me vem ao pensamento

–Oh! Vem para mim! E o meu corpo acalma

Nesta saudade minha que é puro lamento!

Então nos sonhos vens... alegre e sorridente!

E eu me faço nua em êxtase de amor

E eu me faço tua no teu corpo quente ...

Então se faz amor como ninguém o fez...

E se faz a dor... imersa no torpor

Deste sonho imenso... Pura insensatez!

Mas se tu estivesses comigo, do meu lado,

Deitado em nossa cama que viu amor ardente

E me abraçando... em abraço apaixonado

Ouvindo (nós!) a chuva, que cai tão docemente

Todos nossos beijos seriam luz e cor!!

E eu te cantaria, em canto muito lento,

Todas as cantigas: seríamos “um no amor”,

Uma só pessoa em tão doce momento!...

E eu seria feliz, nesta tarde mansa...

É o que sempre quis e tu também querias

Sermos “um” no amor!... Amor que não se cansa

De acordar a lágrima que desce pelo rosto

De acordar a dor que cresce dia após dias,

Nesta tristeza imensa que é o meu desgosto...

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01 fev 2008