ENTRE DOIS CORAÇÕES
Eu sou um viajante indeciso, que parou diante da bifurcação
Eu sou um pássaro errante, cujas asas apontam pro antagonismo
Cada pé em que danço meu triste tango pertence a uma só canção
Cada olho de minha visão, busca os quatro braços pra onde eu sigo!
Eu não posso me negar a quem me quer, porque não quero não lhes querer
Não pela força do egoísmo, nem pela máscara da leviandade
Mas aprendi que me falta um pedaço e de saudade me acho a perecer
E se abdico de um só dos dois beijos, o meu beijar só sente a metade!
Só duas camas sustentam minha fome, pra minha sede só duas chamas
Só dois abraços superam meu frio, pro meu conforto só duas redes
Por razões que me são sinceras e até racionais, ainda que estranhas
Onde consigo ser único, aésar de repartido entre dois seres!
É mais fácil quando mandamos na vida e bem cruel quando nos guia o destino
Até parece capricho de menino, que de duas paixões almeja brincar
Mas se de bom grado me aceitam suas luzes, por sombra de seus caminhos
Eu me duplico e permito o castigo de entre dois corações caminhar!