ELEGIA ENIGMÁTICA
Um sol mentiroso escorrega hoje
sobre apraia morna;
ainda assim a água morde
pedra,espuma,areia.
Um navio de asfalto sem legenda
cala letras brancas de giz
no bordo este do horizonte,
enquanto a quilha afoga
limo e sal sem saber nadar.
O sol agora recompõe sua
inocência nas nuvens ensaboadas
e náufragas de algodão.
Cheiram-se dois corpos na areia
carregados de fogo, éter e quimera;
agora é bom ficar de bruços
na profundo sem mais dormir
aqui onde há pouco mundo.
Vamos esperar desvirginar a noite
e deixar um astro nos alagar
desse nosso amor bronzeado
pulsado encharcado
desse nosso mal-engolido amor.