O DIA DO AMOR
Um dia o pôr do sol enamorou-se das águas
E num beijo dourado, celebrou-se o início da noite
Lá estavam teus lábios, a mim servidos em taças
Lá estavam meus toques ousados, te sendo açoite!
Mergulhado nas chamas de teus tantos sabores
Passei faminto em cada curva de tua forma
Fiz banquete no leito noturno, onde se deram nossos amores
E te afoguei na fonte do meu querer, que por ti sempre jorra!
Não puderam falar os teus lábios, mas tudo me disse o olhar
Devorados na fome de ambos, dois corpos tornaram-se um só
O delírio insano aos gritos foi canção que encantou o luar
Dialeto do incêndio apaixonado, que se disse nas línguas em nó!
Ali o sol virou lua e as águas tornaram-se mar
O cio impetuoso inflamado explodiu no céu em forma de estrelas
Na exaustão que findou tamanho banquete do nosso amar
Dormimos entrelaçados ao sabor das cerejas!