NÃO PUDE EVITAR
Não pude evitar
Amar-te como te amo
Cansado de desamores
Fortuitos e casuais
Impedir não pude mais
No arrebol triste do alvorecer
No ocaso que vinha fenecer
Trazendo o silêncio das estrelas
Na oclusão dos véus dos mistérios
Na discrição das portas da contrafação
Do meu mais indigente sentimento
Quando se fecham meus olhos turbados
Pelo fingimento que há no luar
Sorrindo venturas ao meu vagar sereno
Sorrindo amores aos que não voltaram mais
Como pudeste, ó Lua
Fazer-me frágil em minha intuspecção
Fazer-me amante e sonhador...?
Por isso ao encontrar-te
Finalmente calei-me no desdouro do tempo
E amei-te simplesmente por amar
E é este gesto puramente singelo
Que este homem cansado de desamores
Não conseguiu, não! Não pôde evitar
Ah! Eu não pude evitar...
Amar-te como te amo
Eu não quis e não pude
Por isso não tente, não impeça
Que eu morra pra te amar