DEIXA-ME...


Deixa-me
o calor de primaveras nascendo
e o perfume de flores se abrindo...
Deixa-me
buscar em teu olhar
um pouco de ternura
nas minhas noites de amargura...
Deixa-me
sonhar que existe amor
sublime, encantador...
Deixa-me
encontrar a esperança
numa alma de criança...
Deixa-me
ser manhã radiosa
saudade silenciosa
em tuas tardes perdidas...
Deixa-me
cantar em meus versos
teu olhar submerso
na lembrança querida...


                    Ipuã, 27 de maio de 1968.