SILENCIOSO ABRIGO
Ao fim de mais uma etapa dessa diária lida,
Tudo que eu mais possa querer na vida
É ter você.
Depois de, a cada dia, cumpridos todos os passos,
Nem imagina a falta que me fazem seus abraços,
Porque
Tudo que ao longo de um dia se passou comigo
Fica esquecido, estando em seu silencioso abrigo.
As horas, durante o dia, parecem não passar,
O tempo, como que se arrasta, em seu vagar
Que aflige.
E penso em você sem parar, a cada momento...
Pudera eu acelerar o tempo, como o pensamento
Exige.
Mas não, por mais que eu faça, eu jamais consigo
Abreviar a espera de estar em seu silencioso abrigo.
Procuro, então, concentrar-me e até esquecer
Essa demora infinda, que me faz sofrer
A agonia
De estar tão longe de você, tão solitário,
Impaciente, já que o tempo nunca é solidário
À melancolia.
Nada faz do tempo um aliado, um amigo,
Que mais cedo me leve ao seu silencioso abrigo.
Enfim, chega o momento tão sonhado de voltar,
De, após a longa espera, de novo me encontrar
Em paz.
Mas falta-me fazer a viagem de volta ainda,
Que, afinal, me leve, do dia, à hora mais linda,
Que traz
À minha vida um lenitivo, um novo sentido,
O instante em que volto ao seu silencioso abrigo.
Então, daí em diante nada mais me importa,
Estamos juntos, felizes, fechou-se a porta
Ao mundo.
Tenho, ao seu lado, tudo que me baste,
Nada pode existir que de você me afaste,
Um só segundo.
Colados, nos amamos, não pode o perigo
Atingir-me, se estou em seu silencioso abrigo.