SILENCIOSO ABRIGO

Ao fim de mais uma etapa dessa diária lida,

Tudo que eu mais possa querer na vida

É ter você.

Depois de, a cada dia, cumpridos todos os passos,

Nem imagina a falta que me fazem seus abraços,

Porque

Tudo que ao longo de um dia se passou comigo

Fica esquecido, estando em seu silencioso abrigo.

As horas, durante o dia, parecem não passar,

O tempo, como que se arrasta, em seu vagar

Que aflige.

E penso em você sem parar, a cada momento...

Pudera eu acelerar o tempo, como o pensamento

Exige.

Mas não, por mais que eu faça, eu jamais consigo

Abreviar a espera de estar em seu silencioso abrigo.

Procuro, então, concentrar-me e até esquecer

Essa demora infinda, que me faz sofrer

A agonia

De estar tão longe de você, tão solitário,

Impaciente, já que o tempo nunca é solidário

À melancolia.

Nada faz do tempo um aliado, um amigo,

Que mais cedo me leve ao seu silencioso abrigo.

Enfim, chega o momento tão sonhado de voltar,

De, após a longa espera, de novo me encontrar

Em paz.

Mas falta-me fazer a viagem de volta ainda,

Que, afinal, me leve, do dia, à hora mais linda,

Que traz

À minha vida um lenitivo, um novo sentido,

O instante em que volto ao seu silencioso abrigo.

Então, daí em diante nada mais me importa,

Estamos juntos, felizes, fechou-se a porta

Ao mundo.

Tenho, ao seu lado, tudo que me baste,

Nada pode existir que de você me afaste,

Um só segundo.

Colados, nos amamos, não pode o perigo

Atingir-me, se estou em seu silencioso abrigo.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 30/01/2008
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