Amor Eterno
Desiludida do amor, pois lhe roubara,
O ser amado, a vida, abruptamente
Deixando-a desolada e na certeza,
Que havia ido de si toda beleza,
Toda paz, segurança, e certamente
Tudo de bom que do mundo lograra.
Com determinação, e força rara
Que sua frágil figura não revela
Partiu para lutar com valentia
Cuidado só, dos frutos que havia
Ganho por prêmio de união tão bela
Que ao diluir-se grande dor gerara.
Enclausurou-se em si, como se, para,
Fugir das tensões que a atingem e inflamam,
Em maciças doses diuturnamente,
Relembrando a paixão que ainda sente
Como soem sentir os que só amam
Uma vez, quando o amor se lhes depara.
Usando a grande potência de sua mente,
As paredes do claustro ela as reveste
Com cristalinos espelhos, peças raras
E recriando imagens a si tão caras
Em carícias sensuais ao corpo investe
E a abraçá-la fremente, um vulto sente.
Nos devaneios sensuais da jovem mente,
Que há cinco anos assim se auto tortura
Fugindo das realidades que a perturbam
E das idiossincrasias que só turbam
E apontam sempre para outra feitura
Ao seu “modus-vivendi” inconsistente.
Por ser poeta, pode, (e o faz livremente,)
Expor os seus anseios de felicidade
Dirimindo as tensões que a acometem
Revelando-as em poemas que prometem
A incautos cheios de lubricidade,
O amor que retém avaramente.