O avesso da moeda
Amor: melhor tê-lo como ex,
Com suas belas lembranças,
Que não o tê-lo ou vive-lo
Completamente por muito tempo.
O que se resta no amor é como roupa rasgada:
Molambos e farrapos de algo vivido.
E dar-se ao tempo o que o ele traz...
Prefiro a eternidade de uma lembrança,
Só assim, derroto o tempo.
E ele transforma tudo,
Carinho se torna chatice...
Afago, perturbação.
E o que aquece é o silencio frio
Como uma noite no Saara.
E o tempo rasga o mundo
Como uma faca cega
E corta do mármore ao ferro
Do aço, a ilusão da gente.
E para mim, coração de vento.
Que finjo não doer quando se dói,
Ai levanta a mão do tempo.
Ferrugem que só corrói.
O amor é tempestade que se torna brisa
E sem a movimentação da vida,
Tudo se gasta, e com a movimentação da vida,
Tudo se vai.
Como as dunas, que o vento nunca esquece.
Prefiro o cárcere da saudade
Ao desgaste que o tempo traz.
Amor...
Estou preso em teus abraços
Por um único pecado que me lavará ao céu.