O avesso da moeda

Amor: melhor tê-lo como ex,

Com suas belas lembranças,

Que não o tê-lo ou vive-lo

Completamente por muito tempo.

O que se resta no amor é como roupa rasgada:

Molambos e farrapos de algo vivido.

E dar-se ao tempo o que o ele traz...

Prefiro a eternidade de uma lembrança,

Só assim, derroto o tempo.

E ele transforma tudo,

Carinho se torna chatice...

Afago, perturbação.

E o que aquece é o silencio frio

Como uma noite no Saara.

E o tempo rasga o mundo

Como uma faca cega

E corta do mármore ao ferro

Do aço, a ilusão da gente.

E para mim, coração de vento.

Que finjo não doer quando se dói,

Ai levanta a mão do tempo.

Ferrugem que só corrói.

O amor é tempestade que se torna brisa

E sem a movimentação da vida,

Tudo se gasta, e com a movimentação da vida,

Tudo se vai.

Como as dunas, que o vento nunca esquece.

Prefiro o cárcere da saudade

Ao desgaste que o tempo traz.

Amor...

Estou preso em teus abraços

Por um único pecado que me lavará ao céu.

Genival Silva
Enviado por Genival Silva em 29/01/2008
Reeditado em 28/11/2013
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