tarde perdida
na praia descalça
os olhos no céu
as mãos nas cadeiras
no entardecer
o sol foi embora
a lua já vem
não pensa agora
em ter mais ninguém
da brisa o frescor
que é sempre sadio
prefere ao fastio
de algum destemor
às vezes o medo
é um companheiro
a espuma das águas
beijam seus pés
a intensa magia
de sentir-se viva
e até possuída
por algum anseio
sucumbe à alegria
de achar-se esquecida
na tarde perdida
não sabe a que veio
as nuvens lhe dizem:
é bom respirar
sem ter que pensar,
desejar, exigir
os olhos no céu
na tarde que vai
a noite só cai
se eu permitir
Rio, 23/01/2008