AMOR INCENDIÁRIO

Vertias música de teus olhos lacrimosos

Vasta e pobre aridez no longo sorriso

Na delicadeza japonesa dos empurrões

Brutalizavas qualquer calmo beijo

Quanta sensualidade nos fortes tapas

Para violentar-me com teus abraços

Derramavas de tua boca adoráveis palavrões

Em vezes salpicado por elogios baratos

Ninfomaníaca, elegantemente dormias

Para tornar-te gigantesco iceberg no gozo

Vomitavas ciúmes ao esquecer-me na sala

Transbordavas indiferença nos carinhos

Suplicavas por solidão, desejando-me

Exigias minha presença, abandonando-me

Aflita, tranquilamente balançavas à rede

Relaxada, vagavas gemendo noite adentro

Tinhas saudades comigo ao teu lado

E uma incontida euforia na minha ausência

Carente de mim, clamavas por solidão

Totalmente auto suficiente, exigias colo

Árida e saciada, chamavas-me ao quarto

Arrebatada pela tesura, descartava-me

Nos lençóis de outros homens, amavas-me

Atravessada na minha cama, insultavas-me

Quando desesperavas-te, ias alegre ao jardim

Na felicidade, descabelavas-te histericamente

Perdidamente apaixonada, expulsavas-me

Para detestar-me novamente cheia de candura

Fácil entender sua melada monstruosidade

Também repouso em teu buquê de espinhos

Na exata medida que me reconheces

É o tanto que teu amor me merece

Gê Muniz
Enviado por Gê Muniz em 27/01/2008
Reeditado em 29/01/2008
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