VINGANÇA DE UM CABOCLO
Numa choupana lá no alto daquela serra,
Circundada de gerânios e o raro curuatá,
Uma cabocla a mais bonita daquela terra,
Vivia com um caboclo chamado zé preá.
Cariboca valente, era um grande caçador,
Em matas que nunca alguém ousou entrar;
Matava onças com as mãos em destemor,
Para que sua amada viesse a se vangloriar.
Felizes eram sob o céu com seus luzeiros,
O amor dividiam, em noites festas de luar;
O gorjeio das aves canoras nos abaneiros,
Era a oferenda dos céus àquele ditoso par.
Viveu anos em fortuna com a bela Maria,
Nesta história do mais destemido zé preá,
Para sua tristeza um outro caipira aparecia,
Para com Maria fugir do valhacoito ao atá.
Mas aquele valente ficou triste de paixão,
Atraz da amada foi, para os dois se vingar;
Montou em seu cavalo, de nome Alazão,
Pegou trilha, viajou, no afã de a encontrar.
Já perto de uma colina a mestiça foi parar.
Numa choça, abraçados, ela e o seu rival,
Mata os dois, querendo a sua honra lavar,
Por amor matou Maria, seu desafeto por al.
Hoje, quando por aquele caminho se passa,
Uma cruz ali fincada com o seu epitáfio lá,
Aqui jaz a cabocla Maria, mulher devassa,
Esposa de um caboclo de alcunha zé preá.
Riva. 048