Cômodos do tempo

Ao adentrar um cômodo, prepare-se: haverá poeira.

Poeira que não mente —

é o tempo sussurrando que passou,

e que ali, por muito, nada se moveu.

No canto, um baú empoeirado,

esquecido na sombra,

não pede por limpeza —

apenas repousa, calado.

Diante da porta,

um tapete repousa com letras gastas:

"Aqui jazem todas as suas memórias."

Um poema dedicado ao novo

não precisa conter o velho.

O velho é passado —

e talvez, enfim, possa repousar.

Agora há um novo cômodo:

as paredes são claras,

o ar tem cheiro de começo,

e tudo ali respira lar.

No canto, um baú novo —

brilhante, com espaço para o que virá.

Espero que ele também saiba esperar

o tempo passar.

Rayanne Santos
Enviado por Rayanne Santos em 24/04/2025
Código do texto: T8317427
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