O fim

O Fim Que Nunca É Final

O fim não nos visita quando planejamos,

nem mesmo quando o chão parece ruir.

É apenas uma pausa furtiva,

uma vírgula no enredo que insistimos em sentir.

Não apaga histórias, tampouco silencia os sussurros

que bailam entre as lembranças do que fomos.

Dizemos adeus, mas o adeus mente.

É uma curva inesperada no relógio,

uma pausa entre um suspiro e outro,

porque tudo o que vivemos persiste,

mesmo no eco da última palavra pronunciada

ou na memória do beijo que ainda se agarra

à borda trêmula dos lábios.

O fim não é clausura,

é a porta que se fecha para uma janela

onde ainda deixamos nosso reflexo.

É o espaço em que continuamos a existir,

ainda que os passos não mais se cruzem.

O eco do que somos nunca se perde;

nossas pegadas desenham trilhas eternas

pela estrada de quem nos lembra.

Partimos, mas permanecemos.

Na dança sutil entre o que fomos e o que seremos,

guardados nos recantos da memória,

em promessas que ainda murmuram

pelos corredores da alma.

O fim não decreta ordem ao caos,

pois o amor é desordem que não finda.

E o amor não fecha suas asas;

se reinventa, molda-se ao vento,

desenha-se na chuva ou no sol que ousou nos tocar.

O tempo pode desgastar a pele e alterar formas,

mas há algo que o tempo não apaga:

o traço indelével de quem fomos,

e isso permanecerá — imortal.

O fim que nunca é fim

é o prelúdio de tudo o que resta,

nos recessos mais profundos da alma.

Entre cada esquina onde ainda nos amamos,

mesmo enquanto o relógio insiste em correr.

Poetisa Luzia Couto

Lei 9.610/98

22/04/24

Ipanema Minas Gerais Brasil

Poetisa Luzia Couto
Enviado por Poetisa Luzia Couto em 22/04/2025
Código do texto: T8315566
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