Fogo no desejo
Quando o fogo
que arde sem se ver
alcança o desejo,
gera uma ferida
tão doída e difícil de descrever.
Passiva, monótona, agressiva,
perversa e recolhida,
sem contentamento e frívola,
crônica, cítrica e latejante.
Daquela digna de amantes
proibidos do amor
pelas garras sufocantes
da fera que impera o pudor.
Como sirenes no ouvido,
angustiando os sentidos
no corpo, na alma e no espírito
dos embriagados na dor.
Ah, mas se viesse um vento,
trazendo depressa um alento,
como um anjo provedor...
Juro que cumpriria a promessa
de viver sempre em alerta
e me proteger do amor.