A tal da fossa
Paixão desenfreada...
No escalar das horas do dia
a noite se impõe.
E todas as esperanças depositadas na luz se retiram.
O baile finda e a bela dama embarcou em carroagem diversa.
Não a conduzi para onde se amam todos os que amam.
E então, a certeza da dor se aproxima e reverbera.
Finda a noite, findo o baile.
O baile da vida é assim, de amores e desamores repleto, paciência!
E eu, como tantos outros, estive nesse baile ao longo do dia e sempre restei-me só.
Não dancei qualquer valsa!
E agora,quando a noite se impõe, todos os possíveis amores se retiraram com a luz e a escuridão domina minh'alma.
Como é cruel se entregar à tamanha tristeza!
Mas, ainda vejo um feixe fraco de luz se espremendo na soleira.
Mas não ouso abrir a porta, permito assim que o existir seja como é, repleto de incertezas e imprevisibilidades.
Possíveis amores são um risco e como resultado, a dor é muito comum.
Mas, não me importo e me entrego à possível dor, e faço dos soluços palavras.
Pois que se não tão tristes pela solidão, não há o que se desfazer em poesias.
Pois, o poeta é e sempre e será, um ser melancólico.
E seguem-se assim os pobres mortais, poetas ou não, em existências talhadas pelo amor inatingível.
E sim, pobres são todos os residentes nesse baile de valsa desvairada de ritmo.
Pois, que de certo, só há que ser de algum proveito o amor de fato, belo e plenamente correspondido.
E vamos assim.
Cada qual de nós, cada um.
Cada qual dos quem amam, em sua barca de paixão desenfreada a tentar mudar o ritmo do coração, do planeta, do universo, de tudo.
Sempre com insucesso, pois é a regra.