Caminhantes

Caminhantes da Vida

Somos folhas ao vento, lançadas à vastidão,

Caminhamos por estradas que se desdobram como labirintos,

Sem mapa, sem bússola, guiados apenas por estrelas invisíveis,

Na busca por algo que nos desperte do silêncio.

O caminho é um espelho opaco, sem promessas.

Deixa em nossas mãos perguntas cortantes,

Como lâminas que ecoam em um vazio interminável.

Quem somos nós? Para onde vamos?

Mas seguimos, porque o passo ainda pertence a nós.

Carregamos fardos feitos de tempestades antigas,

Memórias que são chamas em brasas,

Sonhos que dormem em casulos de incerteza.

Somos escultores de nossos próprios fardos,

Modelando com mãos trêmulas o peso que nos define.

A vida, como um rio impetuoso, não espera por nosso navegar.

Ela nos arrasta em suas correntezas

Entre pedras que ferem e águas que acolhem.

Ela queima sem misericórdia,

E nos molda como o fogo que endurece o barro.

Tropeçamos como árvores ao vento forte,

Caímos como astros que despencam do firmamento,

Mas, ao nos levantarmos, somos forjados pelo próprio chão.

Porque a força não está em nunca cair,

Mas em cada erguer, como a aurora que teima em romper a noite.

Há dias em que a estrada é um deserto sem fim,

Outros, é um horizonte que sussurra promessas.

Mas cada instante é uma nota gravada no tempo,

Cada respiração, um cântico que desafia o vazio.

Não somos perfeitos; somos obras incompletas,

Pinturas inacabadas em um quadro eterno.

A vida não nos oferece verdades simples,

Somente bifurcações onde escolhas gritam,

E caminhos onde não há garantias.

Alguns andam em pares,

Outros caminham como sombras solitárias.

Mas todos avançamos,

Como rios que correm para o mesmo mar,

Em direção ao que nos dá sentido,

Ao que mantém nossas almas vivas.

Nesta trilha, não há bússolas ou placas,

Só passos que escrevem nosso próprio mapa.

Somos páginas que se desenrolam a cada jornada,

Fragmentos que revelam o que fomos,

O que somos e o que podemos ser.

Caminhar é como segurar o infinito nas mãos,

É existir na dança entre dúvida e fé.

E, no compasso dessa marcha,

Encontra-se a verdade do que significa ser humano.

Somos viajantes de uma jornada sem fim,

Desbravadores de horizontes desconhecidos,

Descobrindo o que a escuridão esconde,

E o que o silêncio revela.

Então, seguimos.

Como galhos que buscam o sol,

Como passos que desafiam o abismo.

E mesmo sem saber onde chegaremos,

Continuamos.

Porque caminhar é a essência de quem somos.

Poetisa Luzia Couto

Lei 9.610/98

04/04/25

Ipanema Minas Gerais Brasil

Poetisa Luzia Couto
Enviado por Poetisa Luzia Couto em 03/04/2025
Código do texto: T8301065
Classificação de conteúdo: seguro
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