foi-se o amor
foi-se o amor, aquele amigo
a nós dois devotado.
por isso aos cantos meus eu digo
adeus, tudo acabado.
o olvido os fecha num escrínio
com sua fria mão.
e aos meus lábios já não vem
nem pela mente vão.
tanto murmúrio de nascente,
de estrelas mil encantos
e um amor tão triste e ardente
sepultei nesses cantos!
de que oceano dessangraram
esses cantos em mim?
com quantas lágrimas untei-os,
amada, só por ti!
jorravam fundo, as duras penas
da minha mágoa infinda!
e quanto agora eu me lamento
não os sofrer ainda!
porque não torna a se acender
o brilho do teu porte,
com os olhos teus cheios de sombra
renascidos da morte!
e com teu tímido sorriso
e a tua face seduzida,
fazer da minha vida um sonho
e do meu sonho a vida.
me parecendo ressurgires
mal a lua desponta
á sombra das mais doces lendas
que o passado nos conta!
era um sonhar misterioso
e doce por demais
sendo excessivamente belo,
precisava acabar-se.
demais um anjo pareceste
e pouco uma mulher.
felicidade assim não pode
por muito tempo haver.
pois nos perdemos, tu e eu,
nesse encanto fugaz.
distanciamo-nos de Deus
além de tudo o mais.
não pode o mundo oferecer,
tão mísero de amor,
lugar a um sonho afortunado
que sobreviva á dor.