Amor antigo
Quando o amor era verbo e morada,
A noite enluarada dançava no tempo,
As horas, em compassos suaves,
Desenhavam promessas no vento.
O mundo girava, mas bem devagar,
A distância era ponte, não muro.
Corações batiam em ecos profundos,
E o silêncio era abraço seguro.
O mundo virou outra página,
Amor dito eterno virou um refrão.
Falas rápidas, promessas voláteis,
Do romance nao se faz mais canção.
Ninguém mais sussurra pra sempre,
Nem escreve juras no céu.
O amor veste máscaras breves,
E o eterno é só rastro de mel.
Mas em olhares que ainda se cruzam,
Nos sorrisos que o tempo não apaga,
O eterno respira escondido,
Em amores que o mundo não cala.