O Primeiro Amor Nunca Vai Embora

Ele se foi, mas nunca partiu de verdade.

Permanece como um sussurro na pele,

um fantasma de mãos quentes

que ainda toca sem tocar.

Não importa quantos anos passem,

quantas bocas apaguem seu nome,

ele ainda está lá

nas entrelinhas dos dias vazios,

nas músicas que evito ouvir,

nos lugares que já não visito.

Foi o primeiro a fazer o coração tropeçar,

o primeiro a ensinar que amar

também é perder.

A ausência dele é cheia de presenças:

na brisa que traz o perfume de outrora,

nos olhos desconhecidos que, por um segundo,

lembram os dele.

Ele está nos detalhes, nos instantes,

na chuva que cai sem avisar,

no pôr do sol que parece mais bonito

quando não há ninguém para dividir.

Está nas palavras que nunca foram ditas,

nos “e se” que ecoam tarde da noite,

no gosto amargo da despedida

que nunca se dissolveu por completo.

O primeiro amor nunca morre,

ele adormece em cicatrizes invisíveis,

sussurra em noites solitárias,

e quando acho que finalmente se foi,

ele se refaz na saudade.