****** O VÍNCULO DAS ALMAS

Não é no fogo que arde e consome,

Nem no desejo que a carne reclama,

O amor que vive, que tem um nome,

É o que no tempo jamais se inflama.

É brisa mansa que embala os dias,

É rio calmo que sabe o rumo,

Não se apressa nas alegrias,

Nem se perturba em chão sem prumo.

No brilho doce de um olhar terno,

Na voz serena que traz guarida,

O amor se faz em laço eterno,

Vincando as almas por toda a vida.

Não é tormenta de amor ardente,

Que vem e passa sem deixar rastro,

Mas é o fio que sutilmente

Une destinos num só compasso.

É no silêncio que mais se sente,

Nos gestos simples, na mão que afaga,

No dom de ser constantemente

O porto calmo quando tudo esmaga.

É no sofrer que ele se prova,

Quando a alegria dá lugar à dor,

Mas mesmo assim, em cada prova,

Segue firmando-se em esplendor.

Não pede muito, não faz alarde,

Apenas cuida, espera e sente,

Pois sabe bem que a chama arde

No que é eterno e não somente.

E se no tempo os corpos cansam,

E se as palavras já são escassas,

As almas seguem, pois se amam,

Além do espaço que o mundo traça.

E quando o véu da vida cessa,

Quando se parte ao pó da estrada,

O amor prossegue, nada cansa,

Pois vive além da última jornada.

E assim se forma o amor sincero,

Não na paixão que um dia passa,

Mas no entrelaço puro e eterno

Que duas almas firmes abraça.

Marco Aurélio Brasileiro
Enviado por Marco Aurélio Brasileiro em 28/03/2025
Código do texto: T8296111
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