A PAZ E O CAOS
O que é o amor, afinal?
Seria a brisa que acalma o vendaval,
ou apenas um sonho sutil e sereno
que mora no peito e nunca é pequeno?
O que é a paixão, senão fogo voraz,
que arde em meio ao caos que não traz paz?
É desejo, é tormenta, é grito abafado,
é abismo vestido de encanto dourado.
Mas... que diferença há entre os dois?
Um acende, o outro permanece depois.
Um consome, o outro se aconchega,
um é tempestade, o outro entrega.
E se a paixão nasce em mente ferida,
é delírio que dança à beira da vida.
Mas o amor — ah, o amor — talvez seja
a paz que floresce onde a dor não se veja.
Como cabem ambos num só coração?
Que mistério é esse em nossa condição?
Ser humano é sede que nunca se esgota,
é buscar o outro como quem se nota.
Por que buscamos a cara metade,
como se ela curasse nossa ansiedade?
Talvez sejamos só fragmentos de luz,
perdidos num mundo que pouco conduz.
O que somos nós, senão interrogação,
neste palco de sombras da razão?
Talvez amar seja apenas tentar
tocar o infinito... e nele habitar.