O mergulho
Num mundo de amores rasos,
em ti me deixei afundar.
Hesitei antes do salto,
mas já era tarde pra voltar.
Teu abraço era mar morno,
me afundou sem aviso,
mas eu já queimava de frio.
Me enxergou quando tudo desmoronou,
me amou—
nua e crua,
sem máscaras, sem molduras,
sem medo do que sou.
E eu, sem defesas,
me entreguei ao mergulho,
sem saber se era mar
ou abismo profundo.
Mas foi ali, na tua pele,
no toque que não pedia licença,
que entendi—
afundar nem sempre é o fim—
às vezes, é só o começo.
É preciso tocar o fundo
para aprender a voar.