O Relojoeiro

Criador de meu mundo envolto,

Eu me dispo de vestes

Para encará-lo sob a centelha da verdade.

Eu retardo o tempo,

Com seu relógio prateado,

Apenas para observar teus

sonoros minutos.

Eu recordo de como admirei

Tua alma, primeiramente,

Depois de tantas perdas de lazer.

Eu recordo, abruptamente,

De teu sorriso encaixado

Com teu olhar amedrontador.

Eu soube, naquele segundo,

Que havia perdido qualquer chance

De vitória contra ti.

Por minha covardia,

Eu gostaria de correr para longe

Daquele final de monotonia.

Mas, tu me agarrastes pelos cabelos

E algemastes meu amor

Para a efemeridade do espírito.

Eu estou aprisionada,

Presa em tua pressa e

Acorrentada a teus anseios.

Estou congelada no tempo,

Aguardando por teu beijo

Para qualquer respingo de vida.

Eu preciso de tuas horas

Para que eu tenha sentido,

Pois, agora, tudo o que desejo

É uma eternidade com você.