Que eu seja para sempre teu
Que eu seja para sempre teu,
No som da tua ausência e no peso do teu corpo.
Na inquietude das minhas noites solitárias,
Que me consumam as marés do teu querer,
E me tornem, por fim, em tua posse e em tuas mãos.
Seja tu a chama que me queima e me molda,
O fogo onde meu ser se perde,
A fúria da lava que se faz em ti,
Incendiando o silêncio da minha razão.
Que nossa casa seja o altar do nosso desejo,
Onde não haja mais palavras, apenas atos de amor,
Onde eu morda tua boca e me faça eterno em ti,
Em cada grito, em cada suspiro.
Seja eu teu homem e teu rebelde,
Teu demônio e teu guardião,
Perdido nos teus braços,
Em busca de um lugar onde a dor não exista,
Apenas o prazer do instante.
Seja eu mais que amante,
Seja companheiro, amigo, cúmplice de teus delírios,
Com olhos famintos de ti,
Com mãos que se atrevem, ousadas,
A explorar os recantos do teu ser,
E na madrugada, quando o silêncio pesa,
Seja eu a tua razão, a tua loucura.
E quando eu, candelabro quebrado e solitário,
Entoar minha loucura lúcida,
Que tu venhas, com força, com ternura,
E me devolvas o sorriso que se escondeu,
Que me arraste pelo chão da nossa vida,
Com flores nas mãos,
Até me fazer despertar,
Pois sou a maré que nos habita,
E o tempo, esse, é a nossa posse eterna,
Sem fim, sem princípio.