Insulano Coração

Por que sou poeta?

Quando vis são as palavras?

No peito, um buraco

na garganta, um nó

É que quando vi você

a um tempo atrás

a um tempão

eu me apaixonei.

E eu nunca te esqueci.

E a vida é te recriar

te reencontrar

e tentar reviver.

Mas tudo que faço

é caverna de platão.

Só sua sombra

um continente ilusão.

Será que você sequer existe?

Ou a afeição

é um delírio?

Quando o sol nos banhava

eu via o castanho de seus olhos

e seu braço branco já pegando pelos.

E farta do banhar

insulano coração

Você seguiu sem rumo

foi fazer a vida com suas mãos.

A lembrança é só poesia

no peito, um buraco

na garganta, um nó