Poeta Vigário

São tantas luzes

que meus olhos ardem.

Há tanto a se ver—

ohhh,

não esconda de mim seu rosto.

Quero deitar nas flores,

quero dormir à noite,

só uma vez,

e então dizer:

eu fiz.

Não me julgue, por favor.

Já me vou,

logo esquecendo

que nunca mais existirei.

Sábio é dançar conforme a música,

sábio é saber repousar.

Bom é lembrar que sou livre,

e que a dor nunca dura para sempre.

O tempo é um ser invencível.

Teu beijo agora é doce,

mas antes

tinha gosto de ausência.

A palavra gentil afasta a cólera,

e o vento vem varrendo as sobras.

O amor era um dia qualquer de manhã,

e eu corri—

não para chegar,

mas para me perder.