Jantar

Há um segredo caminhando pela multidão.

No meio das caras, dos caras. E dos sem cara.

Para saber é preciso antes de tudo

Ser uma força. Urdida em camadas de mistério.

Amei tanto que dei mais do que eu tinha,

E dei também para além do sentimento.

Ando pesada de palavras não ditas

E carrego muito do que não posso oferecer.

Sou a pior influência para minha alma

Tão frágil, tão necessitada, tão amável.

Que de querer, se fode. Fode. E fode.

Sofro sendo o que queria deixar de ser.

Meu segredo é um tapa bem no meio da sua cara

E você não vê, não sabe e nunca saberá.

Só sente. Estranha. Me afasta.

Eu menti quando deveria mentir.

E agora, o que vamos jantar mais tarde?