Regressiva.
O amor e o tempo, sim, amar é literalmente uma questão de tempo.
Regressivamente contado...
Da primeira troca de olhares seguida do primeiro beijo,
Tudo é equivalente e totalmente definido pelo tempo.
É como se o coração se tornasse um relógio ansioso e impiedoso,
Sem nenhuma responsabilidade com os segundos seguintes.
Isso é algo cruel e, ao mesmo tempo, atraente nesse duelo injusto.
Pois vamos batalhar contra algo invencível,
Cada vez menos vamos ter o entusiasmo de lutar.
Cada nascer e pôr do sol vai ser encarado como uma perda de aparência suave.
Seremos iludidos e tapiados pelo calor do abraço que hora parece nosso.
Mera ilusão, pois o tempo vai passando acelerado e de igual modo devastador.
Porque assim é o amor!
Uma troca infinita de tempo, possivelmente vamos estar sempre perdendo.
Mas, suavemente convencidos de que somos os vencedores.
E olhamos pra trás num segundo qualquer,
Num dia sem tanto brilho e vemos.
Que friamente tocamos os lábios sem tanto vigor,
Algo meio que no automático.
Vindo de tantos e tantos outros segundos iguais,
Somos de antes apenas uma lembrança.
Sem termos tanta certeza de que fizemos mesmo,
Aqueles delírios que a memória nos traz.
Oh! Tempo cruel, por que não sucumbes um pouco
E nos deixa aqui vividos e amando por mais intervalos de horas?
Queremos só mais um pouco de ti,
Sem a pressa dos ponteiros aflitos que rompem ferozmente os limites de amar.
Só mais alguns instantes pra que possamos aprender de fato
O que é realmente amor e amar.
Uma fenda aberta no limbo do descontrole que nos colocamos
No segundo em que decidimos amar.
Esse é o pedido que nós faríamos ao tempo por um segundo a mais aqui,
Ao lado de quem somos incapazes de ficar sem.
Só mais uma chance de ter a boca seca e as mãos trêmulas,
Mesmo com a pressa que o tempo nos impõe,
Vamos sempre nos agarrar a qualquer fagulha dele pra que tenha sido válido amar e ser amado.